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MARÍLIA MENDONÇA, A MUSA DA SOFRÊNCIA

MARÍLIA MENDONÇA, A MUSA DA SOFRÊNCIA

MARÍLIA MENDONÇA, A MUSA DA SOFRÊNCIA

Cantora lança o segundo DVD da carreira, Realidade, com 17 faixas inéditas

por Rebecca Silva em 31/03/2017
 
Marília Mendonça viu, em um ano, o seu sonho de infância se tornar realidade. Para quem acompanha os sucessos dela no topo do ranking das mais pedidas, a carreira da cantora e compositora deu uma guinada meteórica em pouco tempo, mas a batalha já vinha desde seus 12 anos.

Com mais de 200 shows marcados para este ano, a musa da sofrência e do chamado feminejo [sertanejo feminino], está lançando o segundo DVD da carreira, Realidade, gravado em Manaus, e ainda se vê um pouco perdida com tudo que aconteceu em pouco tempo, assustada com a fama que vem junto com o sucesso. E é justamente por sua espontaneidade e seu jeito divertido de levar a vida que ela é admirada pelo público.

Marília viveu e ouviu tantas histórias que não deram certo que percebeu que precisava cantar sobre esse cotidiano. “As pessoas têm o dedo bem podre”, disse rindo. A Billboard Brasil conversou com a cantora sobre o espaço das mulheres no sertanejo e seu sucesso: 

Você começou a carreira compondo, ainda nova e no meio do sertanejo não são todos que compõem e cantam suas próprias faixas. Como surgiu a vontade de compor?

Sempre gostei muito de ler e de escrever. Na minha época, ainda existia aquele caderninho de adolescente que você escrevia uns versos, colava adesivos, fazia coração. Sempre escrevi muito, tive vários desses, uma pena ter sumido tudo. Mas eu sempre gostei de escrever e imaginar histórias. Minha primeira composição veio de um texto que eu já tinha escrito e uns quatro acordes que eu aprendi na aula de violão, porque não tenho paciência para teoria. Fiz a melodia em cima deles e fiz a música. Mostrei para algumas pessoas, elas gostaram e eu nunca mais parei.

Prefere compor para você ou para os outros? Sente alguma diferença?

Acho que não. Seja para mim ou para os outros, eu vou passar a mensagem que eu quiser passar. Para mim é diferente porque eu vou saber interpretar a história que eu escrevi, vou dar importância maior.

Você abriu as portas para que mais mulheres se sentissem empoderadas para se lançarem no meio sertanejo. Como tem sido esse momento na indústria para você?

Sempre existiu muita mulher no público e elas sentiam essa carência de mulheres no palco para se apegar. Existia uma aqui, outra ali, mas nunca deu muito certo porque elas não se viam no palco. Sempre foi muito imposto pela sociedade que a mulher aparecesse montada, como uma boneca. Eu, se for num lugar e vir uma mulher toda montada, não vou me identificar com ela, com o que ela está cantando. Acho que a diferença agora é que as mulheres se tornaram amigas do público, elas têm vontade de ir no seu show, sem nada de competição e ciúmes. Estamos nos unindo de verdade e cantamos a realidade delas.

Você também faz questão de se mostrar como uma mulher real, com defeitos, que pode até não se enquadrar nos padrões impostos, mas é feliz consigo mesma. Teve retorno de mulheres que se sentiram representadas?

Sim, já teve casos em show. Existem histórias muito tristes, de meninas que passaram por coisas horríveis por causa do biótipo, às vezes até com namorado, que eu nunca imaginei que existissem. Eu sempre me dei muito bem com isso. O bullying que eu sentia e sinto é nas redes sociais. Mas na minha vida como estudante, amiga, sempre fui muito querida, sempre tive os namorados que eu quis ter, isso nunca me atrapalhou em nada. Fico feliz de as meninas estarem se aceitando como são, e é importante saber que estar acima do peso não quer dizer que está com problema de saúde. Estou fazendo dieta por questão de pique no palco, para a roupa vestir melhor, subir a autoestima. Se quiser melhorar, melhore, mas se ame como você é. É o primeiro passo de tudo.

Suas músicas falam de mulheres independentes que, mesmo sofrendo em um relacionamento, não se deixam abater.

Sim, é uma sofrência sempre com uma volta por cima. Eu vou querer sempre colocar a mulher se sobressaindo nas situações.

E você não ouvia isso no sertanejo enquanto crescia, né? Veio essa necessidade?

Senti a vontade de contar histórias assim, porque na maioria dos casos, ainda hoje, a mulher aceita a traição e fica em casa sofrendo, por causa do costume, mas eu acredito que um dia isso vai mudar, está mudando aos poucos. A música é um mundo de fantasia e é muito bom você poder colocar desejos nas letras.

Já recebeu mensagem de mulheres dizendo que se livraram de relacionamentos que não davam certo por causa da sua música?

Sim, é maravilhoso. Foi uma coisa despretensiosa porque fiz algo que era o desejo do meu coração e não tinha a intenção de ter uma mensagem social e está ajudando realmente as mulheres. Pense na responsabilidade? Aos 21 anos?

Você tem três músicas no Brasil Hot 100, “Eu Sei De Cor”, “Infiel” e sua parceria com Wesley Safadão, “Ninguém É De Ferro”. Pode falar um pouquinho sobre elas?

“Infiel” é a questão de que minha tia foi traída, meu tio teve filho fora do casamento e eu fiquei com muita raiva, então escrevi essa música e fui mostrar para ela, que ficou brava comigo, disse que eu ia precisar pagar direitos autorais porque estou ganhando dinheiro contando a história dela [risos]. “Eu Sei De Cor” é uma composição de amigos de Goiânia que eu recebi em um momento que estava meio brava com o mozão. Eu ia encontrar com ele, mas ele tinha um outro compromisso de trabalho e eu não gosto de esperar, sabe? Quero as coisas na hora. E a música fala exatamente disso. Eu apaixonei na música, até mandei para ele. A parceria com o Safadão, ele me chamou para participar e eu o considero um dos maiores artistas do Brasil hoje, sou muito fã. Sempre que tem show dele junto com o meu, em um festival, saio do camarim para assistir. Me senti muito honrada com o convite, a música é maravilhosa e a parceria deu super certo.

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